Escoliose: a cirurgia parte 2

Tratamentos

Dr. Emiliano Vialle, Cirurgião de Coluna Vertebral

OUTRAS TÉCNICAS CIRÚRGICAS

Toracoplastia: envolve a correção da deformidade das costelas (giba), através do encurtamento de algumas costelas. Este procedimento é feito por questões estéticas, e sua necessidade deve ser discutida entre cirurgião e paciente antes da cirurgia. Como envolve os arcos costais, pode causar alguma limitação dos movimentos respiratórios após a cirurgia.

Toracotomia: a correção de alguns tipos de deformidade pode envolver uma cirurgia na parte anterior da coluna, através do tórax (toracotomia), onde a remoção de uma das costelas permite que o cirurgião tenha acesso à coluna. Este procedimento pode ser feito isoladamente (cirurgia anterior apenas) ou em conjunto com a cirurgia posterior. Há a necessidade da instalação de um dreno torácico após a cirurgia para permitir que os pulmões voltem a se expandir, o que pode causar um desconforto extra por um ou dois dias após a cirurgia. Em alguns casos, essa operação pode ser feita através de vídeo cirurgia, com incisões menores que as convencionais. Entretanto, a eficácia da cirurgia vídeo-assistida ainda deve ser comprovada em estudos científicos.

COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS

Complicações durante cirurgias para escoliose são extremamente raras, e a maioria das operações são conduzidas sem problemas. Entretanto, em alguns casos, complicações podem ocorrer. Felizmente a maioria destas complicações pode ser resolvida graças à experiência da equipe cirúrgica.

Complicações Relacionadas à Cirurgia da Coluna

Problemas Neurológicos: o risco de complicações neurológicas foi estimado em 0,7% pela Sociedade Americana de Pesquisa em Escoliose, sendo que a maioria dos pacientes afetados recupera-se completamente. Dentre as causas estão compressão da medula espinhal ou nervos pelos implantes metálicos, hematoma epidural, ou correção excessiva da deformidade. Obviamente, vários testes são feitos durante a cirurgia para evitar que isso ocorra.

Hemorragia: cerca de 3% das cirurgias para escoliose podem cursar com sangramento excessivo. Esse problema é corrigido durante o procedimento com a administração de líquidos (soro, ringer ou sangue) para manutenção de pressão sanguínea adequada.

Problemas respiratórios: durante a realização de cirurgia por via anterior (toracotomia) ou na ressecção de costelas (toracoplastia), pode haver dificuldade para expandir os pulmões adequadamente. Neste caso, o cirurgião precisa inserir um dreno de tórax por alguns dias, para manter a pressão dentro do tórax e drenas eventuais sangramentos na cavidade torácica.

Após a cirurgia, uma boa função pulmonar ajuda a evitar infecções respiratórias. Por isso é importante que você realize exercícios respiratórios logo após a cirurgia, mesmo que isso lhe cause alguma dor.

Problemas intestinais: vômitos e náuseas são comuns após a cirurgia, e são manejados com medicamentos específicos para reduzir o desconforto causado por estes problemas. Alguns pacientes apresentam dificuldade para recuperar o funcionamento normal do intestino após cirurgia para coluna; isso requer controle da ingesta de alimentos, para que o problema não se agrave. Medicamentos laxativos podem ser necessários se não houver movimento intestinal após o quarto ou quinto dia pós-operatório.

INFECÇÃO

Esta é uma das complicações mais comuns envolvendo qualquer procedimento cirúrgico. Quanto mais complexa e prolongada a cirurgia, maior é a perda sangüínea, maior o tempo de anestesia, e maior é o tempo de exposição do corpo. Todas essas condições aumentam o risco de infecção, que no caso da cirurgia para escoliose, varia de 1 a 5%.

O próprio paciente é uma fonte de microorganismo que podem contaminar o local da cirurgia, levando à infecção apesar do uso de antibióticos. Outros fatores, como idade elevada, desnutrição, obesidade, imunossupressão, diabetes, uso de corticóides, e uma infecção pré-existente, podem aumentar o risco de infecção pós-operatória.

Problemas Circulatórios: apesar de raros em crianças e adolescentes, há a preocupação com Tromboflebites sempre que um paciente fica acamado. Movimentação precoce após a cirurgia, e em alguns casos o uso de meias compressivas especiais, auxiliam a reduzir o risco de alteração na circulação das pernas. Caso isso ocorra, medicamentos específicos são utilizados para fazer com que a circulação volte ao normal.

Parada Cardíaca: sempre existe um risco, ainda que mínimo, de parada cardíaca toda vez que uma anestesia é aplicada. Na maioria das vezes é impossível prever sua ocorrência. Através da monitorização do paciente durante a cirurgia, alterações são detectadas precocemente, e medidas são tomadas antes que uma parada cardíaca possa ocorrer. Ainda, anestesistas são peritos em manobras para reverter qualquer complicação cardíaca que possa ocorrer durante a cirurgia.

PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO

Assim que você deixar o centro cirúrgico, você ainda estará sob efeito dos anestésicos. Algum tempo depois, é natural que você sinta alguma dor. Existem medicamentos prescritos pelo seu médico, e que serão aplicados pela equipe de enfermagem, que controlarão essa dor pós-operatória.

Você também pode sentir uma sensação de desconforto e dificuldade para encontrar uma posição cômoda, mas isso faz parte de um processo de adaptação do seu corpo a um novo alinhamento de sua coluna.

Edema: você pode apresentar um aumento de volume, que é mais evidente na face e mãos, e este decorre da grande quantidade de líquidos que você recebe durante a cirurgia e por ter ficado muito tempo numa mesma posição (o que é necessário para a cirurgia). Este edema pode levar até três dias para desaparecer completamente.

Acesso Venoso: uma pequena cânula permanecerá conectada a uma veia no seu braço, permitindo que você receba hidratação adequada, antibióticos e analgésicos, nas 48 horas que seguem a cirurgia.

Sonda Urinária: esta é inserida antes da cirurgia para esvaziar sua bexiga, e é mantida por 24 horas para evitar o desconforto de ir ao banheiro no período que se segue à cirurgia. Assim que você se sentir confiante para deixar a cama, o cateter é retirado.

Incisão Cirúrgica: a equipe de enfermagem será responsável por averiguar os curativos periodicamente, e trocá-los quando necessário.

Drenos: muitas vezes drenos são posicionados na região da cirurgia ou no tórax (nas toracotomias e toracoplastias), para evitar que sangue se acumule nos locais operados. Estes são removidos entre 24 e 48 horas após a cirurgia.

Exercícios Respiratórios: é fundamental que você realize exercícios após a cirurgia, permitindo uma recuperação mais rápida e evitando o acúmulo de secreções no pulmão.

Visitas: seus pais e membros diretos da sua família podem visitá-lo no hospital. Entretanto, você precisa de repouso para se recuperar o mais rápido possível; recomendamos que visitas sejam restritas nas 48 horas que se seguem à cirurgia.

Mobilização: você ficará deitada nas primeiras 12 a 24 horas após a cirurgia, e a equipe de enfermagem será responsável a ajudar na mdança de posição na cama, para aumentar seu conforto. Assim que você se sentir confiante, a cama será reclinada gradualmente até que você esteja completamente sentado. Apartir deste momento você pode tentar sair da cama e ir ao banheiro ou sentar-se numa cadiera por curtos períodos de tempo.

Dieta: assim que seu intestino volte a funcionar, você pode iniciar sua alimentação, gradualmente. Nas primeiras 24-48 horas, é preferível uma dieta leve, com sucos e sopas.

Exercícios: apesar de estar acamado nos primeiros dias do período pós operatório, você deve mobilizar braços e pernas logo nas primeiras 24 horas; geralmente um fisioterapeuta ou seu médico orientam esses exercícios.

Alta Hospitalar: depende do tipo de cirurgia e da sua recuperação. O período médio de internamento é de 4 a 5 dias.

RECUPERAÇÃO

Nas primeiras semanas que se seguem à cirurgia, você precisará de alguma ajuda para sair da cama, ir ao  banheiro, ou tomar banho.

A dor decorrente da cirurgia deve diminuir gradualmente, tanto na coluna quanto na pelve (caso tenha sido retirado enxerto ósseo). A medicação para dor, deve ser utilizada somente quando necessário.

Higiene: voce pode tomar banhos de chuveiro em casa, mas recomendamos que utilize uma cadeira plástica, para evitar quedas, já que neste período você pode não estar acostumado ao novo alinhamento do seu corpo. Banhos de banheira são permitidos após duas semanas da cirurgia. Tenha sempre alguém na casa e não tranque a porta do banheiro, caso você não se sinta bem.

Cuidados com a cicatriz: evite cremes e perfumes no primeiro mês.

Não recomendamos que a cicatriz seja exposta ao sol no primeiro ano após a cirurgia, pelo risco de causar uma cicatriz aumentada e de coloração distinta à da sua pele. Procure aplicar protetor solar a cada duas horas sobre a área operada.

Alguns dermatologistas recomendam o uso de um creme de vitamina E para auxiliar na remodelação da cicatriz a partir da quarta semana pós-operatória.

Caso note aumento de volume, secreção ou alteração de cor ao redor da cicatriz, comunique seu cirurgião, para certificar-se que tudo está bem.

Ainda, você pode notar uma alteração temporária da sensibilidade ao redor da cicatriz, que deve desaparecer gradualmente em um ou dois meses.

Dieta: é comum, após um cirurgia longa como a da escoliose, que você não tenha apetite. É melhor para sua digestão que você faça diversas pequenas refeições durante o dia (de 4 a 6). Você também deve tomar cerca de 8 copos de água por dia. Frutas e vegetais são uma rica fonte de fibras, que auxiliarão seu intestino a funcionar normalmente. Ainda, vegetais ricos em ferro e carnes vermelhas auxiliam na recuperação dos níveis de ferro no seu sangue.

Reabilitação: após duas semanas, reabilitação ajudará na recuperação de seu equilíbrio e flexibilidade, assim como no fortalecimento de sua musculatura.

Retorno às atividades normais: quando em casa, procure fazer duas a três caminhadas ao dia, aumentando a distância gradualmente. Além de recuperar sua forma física rapidamente, exercícios estimulam o crescimento ósseo, auxiliando na consolidação do enxerto.

Você deve se programar para ficar um mês sem ir à escola / trabalho após a cirurgia. Uma sugestão é ter um programa de estudos em casa nesse mês.

Outros efeitos da cirurgia: o stress de uma cirurgia pode, algumas vezes, causar alterações no ciclo menstrual. Não existe motivo para preocupações, já que este evento é temporário.

Você deve ser reavaliada pelo seu cirurgião 4 semanas após a cirurgia, quando uma radiografia será feita, para que seu médico se certifique de que a recuperação está ocorrendo normalmente.

ESTILO DE VIDA

ATIVIDADES PERMITIDAS APÓS A CIRURGIA

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ENDEREÇOS NA INTERNET RELACIONADOS A ESCOLIOSE:

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